Deixa-me

O teu corpo contra o meu, sentindo-te cada célula. O teu calor contrastando com o frio que teima em percorrer-me o corpo, causando uma doce sensação. A intimidade entre tu e eu não está no facto de estarmos nus um contra o outro. A intimidade provém do negro que sabes que percorre os meus sentimentos e o que sei que percorre os teus. Não sei se posso dizer "nós" quando me refiro a ti e a mim porque não sei se somos um. Somos personalidades bastante diferentes que se dão bem e, ocasionalmente, dão-se mais que bem. Será que posso chamar “nós” a isso, a isto? Aquilo que estou disposta a fazer por ti, tu podes não estar disposto a fazer por mim. E tudo bem. Não te peço nada em troca além de sinceridade. Não peço que me ames, não peço que me entendas, não peço que me ouças, não peço que me esperes, não peço que me atures e, no entanto, tu fazê-lo. Será isso um “nós”? A incerteza está escrita no nosso rótulo, assustando-me e aliviando-me. Não há sentimentos a mais que possam interromper a nossa harmonia saborosa. Apenas a tensão entre nós que causa um acender de fogo inexplicavelmente bom. A minha curiosidade pelo desconhecido aguça ao olhar para ti, vendo-te tão inexplorado por mim. Deixa-me sentir-te, deixa-me descobrir-te, deixa-me beijar-te, deixa-me aproximar, deixa-me calar-te, deixa-me.

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