Olá. Sou a Rain. Muita gente já me deve conhecer do wattpad, outras pessoas do twitter, facebook, tumblr. Na minha tentativa de criar um blog mais aberto para quem me segue de forma a tentar ajudar alguém, estou por detrás do ecrã a carregar nas teclas que formam as palavras que vocês estão a ler. Estou, também, a tremer e ansiosa porque este post é algo do qual nunca falei seriamente e abertamente pois o medo de levar com comentários de piedade ou de crítica era imenso, ainda é. Sempre tentei falar sobre isto da melhor maneira possível, tentando não dar pistas de que fazia parte de qualquer coisa do que irei falar porque sei que o choque de saberem quem fui e quem sou podia ser enorme. 
Tenho dezanove anos e já tive pensamentos suicidas. Para ser mais específica, já fiz automutilação. Posso afirmar que poucas pessoas imaginariam eu dizer isto pois a imagem que transmito é de alguém calma, com tudo em ordem, sempre pronta para animar toda gente. Não estou, de forma alguma, a dizer que sou duas pessoas totalmente diferentes. Não. Eu sou a Rain, uma contradição humana. Tampouco pouco escrevo isto para ter pena ou atenção de alguém. Na verdade, sim, quero atenção de toda gente - todos vocês que sentem que devem desaparecer e todos vocês que não medem as vossas ações.
Pequenos cliques de diferentes pessoas começaram a encher a minha mente de vozes destrutivas e manipuladoras. O acumular de coisas começou a saturar-me ao ponto de descarregar em cima de mim. Na minha cabeça o problema era eu e apenas eu. Era alvo de críticas, de gozos, de risos. O normal, achava eu, porque toda gente fazia o mesmo.
Começou por apenas dois cortes, exatamente no mesmo sítio onde estou agora sentada a escrever isto. Lembro-me de não ter sentido muita dor, talvez porque a dor emocional era mais elevada que a dor física. O sangue também era pouco, algo que me deixou impressionada. Os dias passaram e lembro-me de o fazer de novo, desta vez enchi os dois braços.
Eu tinha treze anos e achava que não havia futuro porque ninguém gostava realmente de mim. Apenas me usavam para obter o que queriam. A minha mente prendia-me neste ciclo de pensamentos horríveis e intermináveis, levando-me à depressão.
A ansiedade tornava-se cada vez pior durante o secundário mas a confiança em mim aumentou um bocadinho. Conseguia sentir-me melhor do que antes, pelo menos. Até que pensei ter-me apaixonado e a roda da autodestruição voltou em força. O meu melhor nunca era suficiente. A culpa era toda minha sobre tudo o que corria mal. Punia-me por cada pequeno erro que cometia pois, ainda que eu fosse humana, não podia errar. A pessoa de quem eu gostava manipulava-me ao ponto de pensar que eu era a razão de ele ser assim, eu não lhe chegava porque eu era má, eu não tinha melhores notas porque era uma inútil, eu tinha depressão e cortava-me porque era fraca. Eu tinha nascido um erro e desejei muitas vezes ter morrido à nascença como era previsto.
Sou os altos e os baixos. Melhorei bastante desde esse período porque comecei aceitar que eu tenho o direito de errar sem me castigar. Já passaram dois anos desde que estou limpa. Os pensamentos continuam a navegar dentro de mim, consigo sentir a nuvem negra pairar sobre mim e acho que nunca vão desaparecer realmente. É algo que fará parte de mim porque é parte do meu passado e ainda é parte do meu presente. Eu não me conseguia ver a chegar aos dezoito anos, muito menos chegar aos dezanove e estar onde estou.
Eu acredito piamente que é preciso chegar-se ao fundo para ganhar o impulso suficiente para voltar acima. Com isto não estou a incentivar que deixem alguém cair no seu próprio poço. É necessário a pessoa saber que não está sozinha, ainda que se sinta sozinha. Eu estive no escuro, eu sei o que é sentir como se já nada fizesse sentido, que o meu desaparecimento não fazia diferença nenhuma, que sou um gasto de oxigénio. Isso não é verdade.
Ao acabares com a tua vida estás a privar-te de saber o que acontece no teu futuro. Eu achava que não tinha um até o viver. Há tanta coisa maravilhosa que ainda tens para dar ao mundo! O facto de estares com tanta dor dentro de ti significa que tu sentes, significa que também pode caber muito amor e felicidade. Por favor, aguenta por mais um pouco e podes surpreender-te com o que pode acontecer. Irias deixar a tua família e os teus amigos. Podes achar que eles não querem saber de ti mas isso é tão errado. Quem quer o teu bem só pode fazer algo até certo ponto. A doença corroí a realidade. O lado negro faz-te ver o mundo pesado, afasta-te das pessoas mesmo que as queiras perto, faz-te desconectar com tudo e todos, cria esta perspetiva de que a culpa é toda tua - mesmo que não seja tua.
Se estás a sentir assim, tens de procurar ajuda. Eu acabei por pedir, por muito que me tivesse castigado mentalmente por o ter feito já que significava que eu era fraca ao ponto de não me ajudar a mim mesma. Isso não é verdade. Pedir ajuda é sinal de força porque estás a fazer algo para melhorares. Familiares, amigos, professores, psicólogos, linhas de apoio, eles podem ajudar. 

Vivemos numa sociedade onde a rapidez se tornou um paradoxo no quotidiado. Temos todas a informação que queremos na ponta dos nossos dedos, libertando a nossa curiosidade sobre qualquer tópico possível e imaginável. Torna-se difícil haver um estado de calma para possibilitar o processamento da informação que recebemos.
As viagens cada vez menos demorosas, as telecomunicações que nos ajudam a enviar mensagens para o outro lado do mundo e são recebidas em tempo real, a forma como as ideias e os valores são espalhados pelos sete biliões de pessoas – tudo isto cria uma imagem na nossa cabeça em que tudo tem de ser com rapidez. A rapidez de querer perder a virgindade, a rapidez de ter certa aparência, a rapidez de amar, a rapidez de crescer, a rapidez de saber coisas, rapidez de ser-se adulto.
A ânsia de percorrer os caminhos das primeiras vezes torna-se uma prioridade como se fosse uma maneira de mostrar quem é o melhor.
Nunca fui o tipo de pessoa que cedia a pressão por parte dos amigos, mas sei de casos em que levou a erros que não são agradáveis de reviver. Sempre soube o que era benefício ou não para mim, tanto que até à universidade sempre segui o plano que ditei para mim mesma.
As minhas primeiras vezes foram o que muitos consideram tarde mas, para mim, foram na altura acertada e mais que acertada - perfeita, eu diria.
A primeira vez que fumei foi no décimo primeiro ano. Tenho a perfeita noção de que o tabaco faz mal, no entanto, a curiosidade de saber o porquê de as pessoas adorarem aquela substância chamou por mim. Ora, eu sei que o que vicia é a nicotina que está lá presente, mas para se ficar viciado ainda demora uns dias, semanas. Devo dizer que odiei o sabor e tudo em si. O fumo dá-me dores de cabeça e o cheiro que entranha no meu cabelo e nas minhas roupas irrita-me. Não consigo evitar senão rir com isto, mas às vezes dá mesmo vontade de bater nas pessoas que fumam perto de mim. Peço desculpa!
A primeira vez que bebi café estava no secundário, mas comecei a beber mais continuamente na universidade. Isto porque, obviamente, eu dormia pouco e tinha de estar atenta às aulas e enquanto estudava. Eu achava que fazia efeito, até que percebi que não. Na verdade, dependia das vezes. Uns dias dava ainda mais sono, outros deixava-me elétrica para caramba! Agora deixei de tomar pois para dar sono ou ficar elétrica já o faço sem ajudas.
A primeira vez que bebi álcool foi, novamente, na universidade. Sempre tive curiosidade em experimentar só que não sabia bem com o que começar. Tequila. (NOTA: Não estou a incentivar a bebida.) A ardência pela garganta abaixo é algo um tanto aditiva porque, além de saber bem, tornou-me mais extrovertida - o normal do álcool. Não, nunca fiquei bêbeda e não desejo ficar. O meu desejo por controlo deixa de lado a vontade de perder os meus sentidos e não saber o que faço.
A primeira vez que beijei alguém no no quinto ano. Vou só dizer que foi... embaraçoso. Nem vou partilhar isso.
A primeira vez que namorei foi no sexto ano. Eu não sabia bem o que era o amor, mas sabia que sentia mais do que atração física pelo rapaz. Foi algo muito instável e durou um ano, mas foi a primeira vez que percebi que se calhar eu não era má de todo e havia alguém que gostava de mim.
A primeira vez que amei alguém foi no décimo segundo ano. Na minha cabeça, o amor era suposto doer porque era como uma doença que nos infetava o corpo todo. Doía amar aquela pessoa porque significava que gostava dela. Rebaixei-me e deixei-me levar pelas chantagens emocionais porque amei mais a ele do que a mim mesma. Perdi-me para o poder amar invés de me amar para não me perder. 
A primeira vez que tive o coração partido foi exatamente com esse rapaz. Aquele que eu pensava que me amava mesmo amando mais raparigas. Fazia-me sentir insuficiente, mas não me permitia pensar que era por causa dele, não. A culpa era minha por não ser suficientemente boa para ele. Eu é que devia ser mais e melhor para que ele olhasse só para mim. Enganei-me. Não é o amor que doí, é a pessoa que diz amar sem saber. 
A primeira vez que entendi o amor não é suposto doer foi no ano passado. Estou a descobrir aos poucos o que é realmente o amor porque não é uma pessoa dar mais do que a outra. Amar é igual dedicação e atenção por ambas as partes; É cuidar, é entender, é respeitar e valorizar o outro. 
A primeira vez que fiz sexo foi um pouco tarde, dizia toda gente. A verdade é que, para o que é considerado "normal", foi tarde. Eu acho que foi o momento certo. Não foi apressado, não foi uma experiência má, foi com alguém que confiava e que amava.
Vive-se numa era em que tentasse precipitar tudo não vivendo realmente os momentos, não se pensando bem no que se está a fazer. É necessário desacelerar as nossas vidas e os nossos pensamentos para encontrar um certo gozo no presente. Não tenhas urgência para experimentar tudo de uma só vez só porque pensas que estás atrás dos outros. Cada um tem o seu ritmo de crescimento. E está tudo bem em não fazer as coisas ao mesmo tempo do que toda gente. Leva o teu tempo.

✿ a primeira vez.

by on maio 06, 2017
Vivemos numa sociedade onde a rapidez se tornou um paradoxo no quotidiado. Temos todas a informação que queremos na ponta dos nossos ded...

Aqui estou, em frente ao computador a tentar decidir se vou estudar ou se continuo a escrever. Uma onda de nostalgia me atinge ao fazer a mudança do blogs sapo para o blogspot. Relembrar tudo o que havia escrito naquele simples blog e o que me disseram pelas palavras que leram no mesmo. Inspiro e expiro na tentativa de encontrar uma luzinha de incentivo para uma das partes do meu dilema. Estou a tentar criar novas mudanças na minha vida para sair da minha zona de conforto. Mudanças sempre foi algo que me assustou pois eu, sendo uma maniaca por controlo, não pensaria em fazer algo espontâneo pois não podia controlar o que podia acontecer. Hoje estou decidida a mudar isso. Preciso de me aventurar a novos desafios. Dessa forma, decidi criar um novo começo na história do meu blog onde postarei mais do que palavras soltas que deambulam na minha mente. Será algo mais diversificado e, espero eu, inspirador. Então, olá pessoal. Sou a Rain e este é o meu blog, uma espécie de diário público.

um novo começo.

by on maio 03, 2017
Aqui estou, em frente ao computador a tentar decidir se vou estudar ou se continuo a escrever. Uma onda de nostalgia me atinge ao fazer...
Quero dormir contigo. De novo. E de novo. E de novo. Quero sentir o calor do teu corpo no meu, a tua pele suada friccionando a minha. A maneira como o teu toque envia electricidade para dentro de mim, causando uma dolorosa e calorosa sensação de prazer. Beija-me. De novo. E de novo. E de novo. Torturas-me para me fazeres implorar para te ter porque sabes que admitir isso me deixa vulnerável. Queres deixar-me despida, não só fisicamente como mentalmente. Queres que deixe de lado os meus medos e pesadelos para me entregar inteiramente a ti. Queres possuir-me ao invés de ser os meus demónios a possuírem-me. Estimula o meu corpo, estimula a minha mente. Aproxima-te e afasta-te.  De novo. E de novo. E de novo. Deixa-me sentir a tua entrega a mim. Deixa-me sentir-te dentro de mim. Aquece-me ao ponto de querer explodir, no entanto, nunca é suficiente. Preciso de uma nova sensação. Preciso do curto-circuito que provocas no meu corpo. Preciso do acelerar da respiração e do coração. Preciso de todas as sensações que despertas do meu ser. De novo. E de novo. E de novo.  Olha para nós: dois loucos que se riem enquanto estão nus, que se olham com o desejo de se querem fundir, que criaram a uma realidade paralela só nossa. O quarto tornou-se um refúgio, abafando todos os problemas e as frustrações são descarregadas em atos prazerosos. Então vamos explodir um ao outro, um com o outro, um contra o outro, um em cima do outro. De novo. E de novo. E de novo.

De Novo V

by on maio 03, 2017
Quero dormir contigo. De novo. E de novo. E de novo. Quero sentir o calor do teu corpo no meu, a tua pele suada friccionando a minha. A man...
Num mundo cheio de pessoas usando máscaras, encontra-se mais depressa o impulso de encontrar alguém para nos completar do que encontrar o que falta de nós mesmos. Vive-se nesta ideia utópica que é com outra pessoa que iremos ser feliz e abandona-se a realidade de que enquanto não estivermos satisfeitos connosco mesmos, outras relações podem muito bem ir por água abaixo. É tão bom enumerar todas as qualidades que se quer encontrar na tal pessoa que irá fazer o nosso mundo radiar de energia e de felicidade quando não perdemos tempo o suficiente em melhorar quem nós somos. Seres imperfeitos, incompletos, com tanto ainda por descobrir e aprender, tem-se a tendência de procurar a melhor pessoa de todas ao invés de sermos a melhor pessoa. Se não consegues estar sozinho, se tens a necessidade constante de estar com alguém romanticamente, então algo se passa. A futilidade de querem estar com alguém só para terem likes ou para serem goals de jovens virou uma cultura prezada por muitos. Os contos clássicos querem criar esta concepção de que só se é realmente feliz quando se encontra o príncipe encantado. Não. 
Nós é que temos de ser os nossos próprios príncipes e princesas. A princesa não precisa de um príncipe para a salvar, e vice-versa. Temos de ser quem queremos encontrar. É a única maneira de não depender dos outros para ser feliz. 
NOTA: uso do calão.
Como dizer isto sem parecer rude ou fria: A automutilação e doenças mentais são fodidas. A ansiedade, ou a depressão, ou automutilação não vão trazer felicidade, muito pelo contrário. As pessoas e, muitas das vezes, livros e filmes, dão esta ideia de que a menina com a cabeça confusa e que é tímida e tem depressão e se corta vai arranjar um rapaz e vão ser felizes para sempre. Não. Digo por experiência própria quando isso está longe de estar correto. Sim, pode aparecer alguém que vos ame e que vocês amam de volta, no entanto, estes estados mentais vão foder tudo. Vão trazer medos, desconfianças, discussões, ataques de pânico, vão corroer o que a relação tem. Isto pode acontecer. Por muito que vocês amem ou alguém vos ame, esta é a realidade. Ninguém vai ser a vossa âncora. Aliás, ninguém, além de vocês mesmos, pode ser a vossa âncora. Vocês não podem depositar a vossa felicidade e o vosso bem-estar nas costas de alguém porque, caso essa pessoa vá embora, vocês vão voltar à mesma instabilidade de antes. Sei que me vão dizer que é muito fácil falar e que não sei o que digo. No entanto, eu sei perfeitamente o que digo. Tive de ser eu a puxar-me sozinha para cima. Sim, tenho amigos, na altura também tinha, mas tive de querer realmente melhorar para conseguir mais. Não estou perfeitamente bem ainda, longe disso. Para ser sincera, às vezes ainda penso que estou pior que antes. Porém, a ajuda tem de vir de dentro de vocês porque não vai ser amigos, psicólogos, família que vai ajudar porque vocês não vão aceitar ajuda a 100% se não estiverem determinados. E não importa o quão fodido é arranjar a vontade própria de se levantarem: se vocês conseguiram aguentar até hoje, a sobreviver dia após dia (ainda que estando uma merda), irão conseguir arranjar a força um dia, eu sei que sim. Apenas aguentem mais um pouco, eu acredito em vocês.
O teu corpo contra o meu, sentindo-te cada célula. O teu calor contrastando com o frio que teima em percorrer-me o corpo, causando uma doce sensação. A intimidade entre tu e eu não está no facto de estarmos nus um contra o outro. A intimidade provém do negro que sabes que percorre os meus sentimentos e o que sei que percorre os teus. Não sei se posso dizer "nós" quando me refiro a ti e a mim porque não sei se somos um. Somos personalidades bastante diferentes que se dão bem e, ocasionalmente, dão-se mais que bem. Será que posso chamar “nós” a isso, a isto? Aquilo que estou disposta a fazer por ti, tu podes não estar disposto a fazer por mim. E tudo bem. Não te peço nada em troca além de sinceridade. Não peço que me ames, não peço que me entendas, não peço que me ouças, não peço que me esperes, não peço que me atures e, no entanto, tu fazê-lo. Será isso um “nós”? A incerteza está escrita no nosso rótulo, assustando-me e aliviando-me. Não há sentimentos a mais que possam interromper a nossa harmonia saborosa. Apenas a tensão entre nós que causa um acender de fogo inexplicavelmente bom. A minha curiosidade pelo desconhecido aguça ao olhar para ti, vendo-te tão inexplorado por mim. Deixa-me sentir-te, deixa-me descobrir-te, deixa-me beijar-te, deixa-me aproximar, deixa-me calar-te, deixa-me.

Deixa-me

by on maio 03, 2017
O teu corpo contra o meu, sentindo-te cada célula. O teu calor contrastando com o frio que teima em percorrer-me o corpo, causando uma doce...