O novo videoclipe de Selena Gomez do seu último single "Fetish" já saiu. Muita gente acha esta nova fase da cantora um pouco estranha, comparando-a a Miley Cyrus ou a Melanie Martinez por ambas terem vídeos controversos. Isto porque não entendem o que ela quer transmitir.
Começando pela diretora do videoclipe, Selena afirmou muitas vezes que Petra Collins era uma inspiração para si por causa da maneira que a artista demonstra a sua perspetiva do que vê. 
Aquilo que percebo através do visual e da música é que há várias maneiras de interpretar. 
A letra transmite uma sensualidade e uma confiança que não se torna arrogante. É uma letra que te faz sentir sexy tanto pela batida como pelo que é cantado. 
O videoclipe, por outro lado, pode ser percebido de uma maneira mais dolorosa e escura, virando o tema para uma obsessão doentia por alguém. Há especulações de que seja a continuação de Bad Liar, e a casa seja da professora dela, já que tinha uma paixão pela mesma. 
Começa logo com a personagem a andar por uma rua que parece normal, exceto que no fundo existe um carro avariado. Depois aparece uma cena em que ela olha para o sol que quase a cega, fazendo-a colocar a mão por cima dos seus olhos - ela continua a olhar para o brilho mesmo que lhe magoe os olhos.
Ela começa a comer o vidro partido do copo de vinho. Não é só esta estranha coisa que ela come, a lista continua com o sabão, com um batom. Ela chega a usar o enrolador de pestanas para remover a sua língua. Tudo isto indicações de que ela precisa de mudar para satisfazer quem ela fantasia como se não fosse boa o suficiente. Entretanto, ela começa a entrar em stress, rasgando as suas meias, destruindo coisas, "Reaching your limit/Say you're reaching your limit/Going over your limit".
Água começa a cair durante as cenas na sala de jantar, possivelmente indicando a sua tristeza do facto de fazer de tudo para ser notada por quem gosta mas só ter desprezo por ela, como a própria letra indica "I push you out and you come right back".
A parte do congelador, a meu ver, é o coração da pessoa que ela gosta já que é comparado a gelo e é frio mas ela continua a gostar dele, sendo visível a vício mórbido que ela tem. Também pode ser visto como o seu coração sendo delicado já que o gelo transformou-se em quase neve, um item suave. Esta última parte pode ser confirmada porque é quando Guicci Mane começa a cantar "I blame you ‘cause it’s all your fault/Ya playin’ hard, don’t turn me off/Ya acting hard, but I know you soft"-
Todavia, já vi várias interpretações do videoclipe e todas parecem justificáveis. Uma nova era da cantora traz um lado que nunca vimos antes pois está mais confiante e livre. Já vimos isso com o seu primeiro albúm com a nova editora, Revival, mas este promete ainda mais transparência e criatividade.

É apenas a segunda vez que vou à Shairart, em Braga. No entanto, foi a melhor exposição que vi. Não quero estar a retirar o mérito da exposição anterior mas, desta vez, os quadros chamaram-me muito mais à atenção pela maneira que foram capturados. Sem dúvida que não percebo muito de arte - na verdade, quando tinha de dar história de arte na escola eu chorava internamente - exceto quando eram obras do expressionismo e surrealismo. 
Esta exposição conta com obras de Ana Monteiro, Gustavo Fernandes, Manuel Rodrigues Almeida, Alejandro Casanova, Jaume Mora, Jose Higuera, Giorgos Kapsalakis e Juan Domingues.
Estas obras encontram-se disponiveis para visitar até dia 2 de Setembro, quaisquer informações sobre preços ou mais podem carregar aqui para se dirigem ao site.















◍ from the south.

by on julho 25, 2017
É apenas a segunda vez que vou à Shairart, em Braga. No entanto, foi a melhor exposição que vi. Não quero estar a retirar o mérito da expos...

O nosso corpo tem a obrigação de respirar inconscientemente, sem qualquer esforço. Ele tem o mecanismo de sobrevivência que te permite viver dia após dia. No entanto, quando tudo se torna demasiado intenso e difícil de sobreviver, a tua alma é aquela que deixa de saber como se respira. O peso do mundo cai-lhe nos ombros, esmagando a sua liberdade de resistir aos solavancos da vida. O corpo consegue fingir que está bem, a alma é demasiado transparente para conseguir negar o seu estado. Ela precisa de mais cuidado e tratamento que o corpo para curar porque é pura, inocente, frágil. Não que isso seja mau, de todo. O puro, o inocente, o frágil é o que nos faz sentir e mostrar que somos humanos, ainda que o queiramos negar. Perdemos tanto tempo a parar os sentimentos de sentir mas, ao mesmo tempo, preocupamo-nos tanto que nos esquecemos que a alma acaba por quebrar com tanta pressão. É impossível não sentir porque isso é-nos inato desde que nascemos. Não há como negar as emoções porque elas transbordam-nos. É por isso que, quando uma pessoa é magoada, ela esvazia e sente nada. Sentiu tanto que acabou por ficar sem o que deu. A tendência de sentir tudo é trocada pela tendência de adormecer tudo. A apatia torna-se a nossa melhor amiga. Aqui, há a necessidade de aprender a sentir de novo, a sentir os sentimentos que nos eram naturais de sentir. Durante a nossa vida acabamos por reaprender aquilo que nos era inconscientemente presente. 

excerto de adjacente, cap. 1.

✒ reaprender o natural.

by on julho 22, 2017
O nosso corpo tem a obrigação de respirar inconscientemente, sem qualquer esforço. Ele tem o mecanismo de sobrevivência que te permite ...

A minha imaginação viaja até à tua memória, querendo sentir-te mesmo aqui, no meu lado. A minha mente trepassa-me ao fazer-me sentir o teu cheiro, mas não tem nada a ver com o teu cheiro. Nos meus sonhos o teu toque é tão real, os teus lábios criam fogo de artificio nos meus. Posso, finalmente, entrelaçar os meus dedos nos fios do teu cabelo, a textura a ser aprendida pelas minhas sinapses. Eu necessitava de memorizar cada traço teu, essa era a razão de olhar tanto tempo para ti quando estamos juntos. Eu quero levar-te para as minhas fantasias da forma mais fiel a ti possível para que eliminasse a distância que se criava entre nós fisicamente. Sempre confias em mim para não ficar triste quando tens de partir, mas consigo evitar sentir que um pedaço de mim parte também. Tu leva-lo contigo e só o revejo quando voltamos a estar juntos. E está tudo bem porque sei que o volto a ter em segurança, sei que voltas para mim são. Quando voltas, quando sei que vou poder sentir a tua presença na vida real, o meu coração desperta e o meu entusiasmo acorda com a necessidade de me despachar para voltar aos teus braços, de onde nunca devia ter saido. 

O problema de se dar a tanta gente é que se acaba por perder pedaços que faziam falta, mas que não se notou a sua perda no momento. Perguntaste quem és e como é a tua história, mas não sabes realmente responder a essas perguntas. É apenas um vácuo que vai ficando maior e maior até que, um dia, se olha ao espelho e repara-se que o reflexo está incompleto. Não reconheces quem é a pessoa que está a olhar para ti e é quando te atinge a realidade: será que me importo o suficiente para me querer procurar visto que te perdeste sem te dares conta? E, então, criou-se aquela necessidade de atender tudo e todos para tentar preencher o vazio, mas acabado por criar um maior. Percebe-se que não há uma maneira eficaz de voltar a ser quem se era, não há como voltar atrás. Há uma culpa interna e uma revolta incontrolável por ter deixado isto acontecer. Há varias maneiras de se sentir perdido e esta parece ser a mais dolorosa. Quando perdes a tua própria identidade é mais uma forma de andar a deambular sem um propósito, é vaguear por entre os esqueletos vagabundos sem sentimentos que te guiem, há uma forte nostalgia e saudade, mas não se sabe bem do quê. Algo falta, isso é palpável, mas o que não é palpável é o que falta. O incógnito devora-te como se fosses a sua comida favorita e não há nada que o faça parar. O teu vazio tornou-se apetecível para a parte negra te completar. Quem sou eu? De onde vim? Porque é que sou assim? O que é suposto fazer quando nos perdemos para a vida?

✒ reflexo incompleto.

by on julho 08, 2017
O problema de se dar a tanta gente é que se acaba por perder pedaços que faziam falta, mas que não se notou a sua perda no momento. Per...

Estava a escrever a sequela do meu livro quando uma música começou a tocar. Who You Are da Jessie J - esta era a música que ouvia nos momentos em que me sentia perdida. Lembro-me perfeitamente de estar no último ano do ensino básico e de ouvir esta música na sala do aluno, escrevendo-a num caderno que servia de terapeuta. Na verdade, era o caderno que usava para escrever coisas que, eventualmente, tinha de mostrar à psicologa. Esta música sempre teve um toque surpreendente em mim, tanto pela letra como pela melodia. Ainda hoje, a ouvi-la, sinto as lágrimas a quererem saltar dos meus olhos. 
Sê verdadeiro a quem és, Jessie J canta. O problema é que, na altura, eu não sabia quem era. Era uma miúda com depressão, sem amigos, perdida num mundo que não compreendia. Eu não sabia o que fazer além de me castigar por me ter perdido, por não ser melhor. O medo irracional de não ter controlo sobre mim, sobre o meu futuro e sobre o que pensavam sobre mim apareceu desde cedo. Eu não conseguia lidar com o sentimento de ser posta de lado, de ser criticada, de ser a rapariga triste da turma, de não ter amigos, de estar a falhar na escola, de ser um fardo. Quanto mais tento, menos funciona. Eu tentava ser melhor - mais sorridente, vestir-me melhor, ser mais amigável, mais disponível, menos emocional. Nada funcionava porque havia sempre alguém que me apontava o dedo a lembrar quem eu queria esquecer que era. 
Porque é que estou a fazer isto a mim mesma? Era o que me perguntava sempre que me magoava e que lembrava que estava sozinha. Eu merecia o que me faziam e o que eu me fazia porque eu não era alguém. Está tudo bem em não estar bem. Não, não estava porque ninguém compreendia o porquê de eu estar mal e todos julgavam. Eu era a rapariga com problemas em todo o lado e não conseguia resolver nada. Havia dias que nem eu sabia porque não estava bem, como esperava que os outros compreendessem? Lágrimas não significa que estás a perder. Mas toda gente sugere que sim. Havia sempre alguém que indicava que eu era chorona e apontavam-me o dedo enquanto se riam de mim, havia sempre alguém que dizia para sorrir mais porque era carrancuda, um bicho do mato. Perder a minha cabeça por um pequeno erro. Se é assim tão pequeno porque é que o apontavam sempre? Havia sempre desculpa e maneira de trazer tudo o que fazia de mal à tona. 
Pareço perfeita? Esqueci-me o que fazer para encaixar o molde porque houve tantas vezes que tentei ser igual a todos e não conseguia. Não conseguia ser igual a quem me comparavam e isso doia porque significava que nunca seria perfeita.
E não importa quantos anos passe, as memórias podem desvanecer mas a dor que senti estará sempre presente.