✒ reflexo incompleto.


O problema de se dar a tanta gente é que se acaba por perder pedaços que faziam falta, mas que não se notou a sua perda no momento. Perguntaste quem és e como é a tua história, mas não sabes realmente responder a essas perguntas. É apenas um vácuo que vai ficando maior e maior até que, um dia, se olha ao espelho e repara-se que o reflexo está incompleto. Não reconheces quem é a pessoa que está a olhar para ti e é quando te atinge a realidade: será que me importo o suficiente para me querer procurar visto que te perdeste sem te dares conta? E, então, criou-se aquela necessidade de atender tudo e todos para tentar preencher o vazio, mas acabado por criar um maior. Percebe-se que não há uma maneira eficaz de voltar a ser quem se era, não há como voltar atrás. Há uma culpa interna e uma revolta incontrolável por ter deixado isto acontecer. Há varias maneiras de se sentir perdido e esta parece ser a mais dolorosa. Quando perdes a tua própria identidade é mais uma forma de andar a deambular sem um propósito, é vaguear por entre os esqueletos vagabundos sem sentimentos que te guiem, há uma forte nostalgia e saudade, mas não se sabe bem do quê. Algo falta, isso é palpável, mas o que não é palpável é o que falta. O incógnito devora-te como se fosses a sua comida favorita e não há nada que o faça parar. O teu vazio tornou-se apetecível para a parte negra te completar. Quem sou eu? De onde vim? Porque é que sou assim? O que é suposto fazer quando nos perdemos para a vida?

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