✒ reaprender o natural.
O nosso corpo
tem a obrigação de respirar inconscientemente, sem qualquer esforço. Ele tem o
mecanismo de sobrevivência que te permite viver dia após dia. No entanto,
quando tudo se torna demasiado intenso e difícil de sobreviver, a tua alma é
aquela que deixa de saber como se respira. O peso do mundo cai-lhe nos ombros,
esmagando a sua liberdade de resistir aos solavancos da vida. O corpo consegue
fingir que está bem, a alma é demasiado transparente para conseguir negar o seu
estado. Ela precisa de mais cuidado e tratamento que o corpo para curar porque
é pura, inocente, frágil. Não que isso seja mau, de todo. O puro, o inocente, o
frágil é o que nos faz sentir e mostrar que somos humanos, ainda que o
queiramos negar. Perdemos tanto tempo a parar os sentimentos de sentir mas, ao
mesmo tempo, preocupamo-nos tanto que nos esquecemos que a alma acaba por
quebrar com tanta pressão. É impossível não sentir porque isso é-nos inato
desde que nascemos. Não há como negar as emoções porque elas transbordam-nos. É
por isso que, quando uma pessoa é magoada, ela esvazia e sente nada. Sentiu
tanto que acabou por ficar sem o que deu. A tendência de sentir tudo é trocada
pela tendência de adormecer tudo. A apatia torna-se a nossa melhor amiga. Aqui,
há a necessidade de aprender a sentir de novo, a sentir os sentimentos que nos
eram naturais de sentir. Durante a nossa vida acabamos por reaprender aquilo
que nos era inconscientemente presente.
excerto de adjacente, cap. 1.
excerto de adjacente, cap. 1.
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