✒ identidade anónima.

Este silêncio ensurdecedor, a visão está turva da realidade, as pessoas perdem-se em si e nas outras agindo como se estivessem inteiras. Os corpos deambulam entre os deveres e as vontades. O organismo pede combustível feito de sonhos e satisfações, mas anda-se demasiado cansado para contribuir. Os gritos silenciosos rebentam tímpanos, queimam neurônios, quebram corações.
Quem sou eu? O que sou eu? Serei um bom ou mau ser humano? Existe boas ou más pessoas? Existe certo ou errado? Haverá uma definição concreta para o que quer que seja? 
Não sou um comboio com um caminho já tracejado. Não sou um GPS que pode dar as indicações certas. Não sou uma máquina com tudo programado. Tampouco sou o Google com todas as respostas. Não sou um objeto que, sem consideração pelos sentimentos, é utilizado. Quem sou eu, afinal?
Vozes ecoam na minha mente proferindo opiniões indesejadas e conceitos impróprios. A cabeça parece explodir com a fusão de pensamentos alheios. Quem sou eu? Quem são vocês que pensam ter o direito de me ditar? Sou uma democracia em que o coração e a mente lutam entre si pela razão. Alguém, um completo desconhecido. Pensa ter poder suficiente para instituir a ditadura em mim. Não. 
Perco-me por entre os perdidos. Irónico, ou talvez não. As certezas apenas crescem incertezas, criando uma mistura de ideias confusas dentro de mim. Só sei quem fui e não sei quem sou. Quem sou eu? Espero que o tempo me dite qualquer sussurro de uma resposta, alguém que ilumine esta cabeça apagada. 
Às vezes dá vontade de relativizar tudo. Não é bem uma vontade; é melhor usar a palavra "necessidade" para descrever o que sinto. Tenho uma necessidade de relativizar até o relativo, só para atenuar um pouco a dor de tanto tempo a sentir o peso do mundo nas minhas costas. Torna-se difícil quando a tua própria mente joga o jogo das adivinhas ou, até, aquele de somar cada vez mais pensamentos duvidosos para o que já é difícil manusear. Ainda assim, ela continua a criar ficções negadas mas que teimam em aparecer. 
Quem sou eu? Não sei. Sou um ser humano que tenta descobrir, tenta sobreviver, tenta continuar. Sou um ser humano que, no meio do tentar, espera conseguir.

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