✐ o que a universidade me ensinou.

            Agosto é sempre um mês que traz a toda gente sentimentos misturados, eu acho. É o final do verão e percebes que continuas com a tez branca que nem cal (sou culpada disto) e há aquela pequena felicidade de regresso às aulas só para poder comprar material escolar que achas que vais usar para estudar, mas é só mesmo para olhar para ele enquanto te perguntas o que andas a fazer com a tua vida (novamente, culpada disto). Então, agora que posso dizer que sou doutora (de línguas, mas sou), decidi aprofundar o que a universidade me ensinou além de saber como escrever o som das letras e como aprender uma língua nova apesar do teu cérebro ser enferrujado.

1. opiniões diferentes são válidas - eh... talvez.
Toda gente te diz que deves aceitar as opiniões dos outros e têm razão - até certa parte. Eu aceito a tua opinião, mas se disseres algo totalmente idiota e se eu tiver argumentos válidos para debater, eu irei, nunca te desrespeitando - a isto chama-se uma conversa, para quem não está familiarizado com esse termo. Nota: discordar não é atacar. 

2. ser um aprendiz todos-os-dias.
A Lilly Singh um dia disse algo como "ser a pessoa mais estúpida da sala é muito bom". Eu achei isso parvo, sinceramente. Como é que eu ser estúpida ia ser positivo, seja que cenário for - principalmente num ambiente escolar em que és avaliado pelas faltas que dás. A verdade é que agora, após terminar a licenciatura, percebo o que ela quis dizer com isso: ao se ser a pessoa mais estúpida da sala (e isto não é DE TODO uma crítica, é uma força de expressão) aprende-se muito mais do que mostrar que se sabe algo. A mente tem esta coisa engraçada de não gostar de se sentir inferior quando não se sabe algo, então começa por inventar que sabe essa coisa específica - o falso conhecimento. Falar sem saber vai dar mau resultado, não porque estás errado, mas porque mostrar-se vai fazer de ti idiota mesmo e é melhor do que falar poucas vezes mas bem, do que muitas vezes e mal.

3. errar é bom.
Apesar do que a minha professora de inglês acha de si mesma, eu não sou perfeita e tenho noção disso. Estou sempre aprender e isso não é algo mau, pelo contrário. É demasiado bom melhorar e saber coisas novas todos os dias e, por vezes, a única maneira de chegar lá é errando. (Mesmo que tenhas uma professora como a minha que te julga com toda a sua alma o facto de não saberes algo.) O ponto anterior parece ser contrário a este, mas não: podes errar desde que seja como objetivo aprender. 

4. o desconhecido vai sempre perseguir-te.
Eu acho que isto foi o mais complicado e importante que aprendi. Durante o meu percurso escolar eu sempre soube aquilo que queria e sabia o que tinha pela frente. Até ao secundário é fácil, mesmo que não pareça: aproveitem enquanto podem. É mesmo engraçado como eu achava que tudo ia melhorar assim que fosse para a universidade... só que não. O que acontece é que a) não sabia o que seguir b) foi preciso 3 fases para conseguir entrar num curso e c) não conhecia ninguém. Era a minha chance de começar de novo, de experimentar coisas novas, de sair da minha zona de conforto, de me conhecer. Eu própria era (e ainda sou) uma incógnita para mim mesma. Eu não sabia o que esperar do curso ou daquele primeiro ano. Tanto quanto sabia, eu poderia não ter gostado e desistido daquilo tudo. Não o fiz, e ainda bem que não. Ajudou-me ter estado mais três anos a estudar (algo que eu gostava) e a ter um autodescobrimento sereno e preciso. 

5. não vai correr sempre bem. 
Eu pensei que ia ser tudo um mar de rosas e que não ia ter dramas, que as pessoas iam ser adultas, que as minhas notas iam refletir o meu empenho, que não ia ser cansativo porque era algo que eu gostava - errado. Chorei, tive ataques de pânico, quis desistir imensas vezes de tudo, questionei-me milhares se realmente devia tentar prosseguir para mestrado, senti-me um falhanço por não aprender tão rápido quanto os outros. Vais querer chorar por teres errado, vais querer desistir quando vês que o teu esforço não está a recompensar, vais querer abortar esta coisa de aprender porque sentes que não está a dar em nada. E tudo bem - é normal. E esses sentimentos e pensamentos vão passar assim que pensares que uma nota não define todo o teu progresso. Aliás, o meu caso com o alemão é o exemplo perfeito: havia uma professora com a qual aprendia tão, mas tão bem, no entanto chega aos testes e tirava nega. O meu caso com MACS era a mesma coisa. As notas não definem, de todo, o teu conhecimento. 

6. conhecimento não é igual a boa nota.
Odeio tanto o quão entranham isto na nossa mente desde miúdos. Há tantos fatores que podem igualizar a uma má nota mesmo que se saiba a matéria e ninguém tem isso em consideração. Eu sei que não há outra forma de avaliar além de testes (é relativo), ainda assim é esgotante ser considerada uma aluna mediana porque tenho notas como 13 e 14 só por causa de um teste quando sou muito melhor a fazer trabalhos. 

7. um canudo significa zero se não saberes o que é a vida.
Estes universitários sabem com um curso e já acham que são superiores por terem um papel a dizer que são licenciados. Ter um curso superior não faz se ser superior a outros - devia fazer-te sentir humilde pela oportunidade que tiveste visto que imensa gente a queria ter e não pode. A universidade é mesmo aquele período de "espera" entre o mundo relaxado e sem preocupações e o mundo adulto. Acaba por ser uma transição mais suave. Permite-te perceber o quão complicado as coisas conseguem ser, se é que não o sabias antes. Consegues ter uma preparação subtil mas, ao mesmo tempo, despreocupada já que te permite viver no melhor dos dois mundos. O que se procura neste momento é jovens com dinâmica e diversificados, que estudem e façam algo mais além disso - workshops, voluntariado, trabalho, etc. Isso não só ajuda a ter um amplo conhecimento sobre outras coisas como te ajuda a gerires o teu tempo, trazendo outros benefícios que tantos os empregadores como os diretores dos mestrados solicitam.

8. isto não é para todos.
E. ESTÁ. TUDO. BEM. Nem toda gente é feita para seguir o ensino superior - eu achava que não era durante vários momentos. As pessoas (mais velhas) têm este preconceito de que só quem segue um curso universitário é que será bem sucedido e terá imenso dinheiro - não. Aliás, ter este tipo de curso não te garante rios de dinheiro se não o souberes usar. Ser criativo com aquilo que tiraste, por muito que te digam que não tem saída, é muito importante porque também mostra que não te deixas vencer. 

Espero que tenham gostado. Caso queiram que eu fale de alguma questão mais detalhadamente basta dizerem. 




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