✒ t-ó-x-i-c-o.

(poema do livro milk and honey de rupi kaur)

É incrível como uma frase pode fazer-te sentir tantas coisas ao mesmo tempo. É incrível como algo pode mudar o teu humor de forma tão repentina que achas ser um pouco doida. A verdade é que estas palavras sábias chamaram as minhas memórias de pessoas. 
Não estou a querer falar no presente, felizmente. Acabei com a toxicidade que me havia rodeado e penetrado nos poros, como um veneno constante. Lembro-me de me sentir emocionalmente esgotada por cada momento que alguém usava a sua manipulação para cima de mim. A minha alma parecia desvanecer um pouco mais quando os seus poderes faziam efeito. Era como se me sugasse a determinação, a pouca determinação que restava em mim. Não adiantava se eu tentasse lutar para contrariar, era um quero-não-quero, um ciclo vicioso e doentio. Doentio mas bom. Tornava-se delicioso quando, por vezes, a sua magia funcionava ao contrário e eles é que precisavam de mim. Era eu quem era precisa e não eu a precisar. Sentia um cómico gosto na minha boca, com um sorriso malandro que aparecia mesmo não o querendo.
No entanto, eu sabia que era perigoso continuar assim. A minha sanidade estava a falhar nas horas H, querendo virar-se contra mim. Talvez eu merecesse por adorar quando precisavam de mim, talvez não merecesse. Eu não sabia bem o porquê mas sentia que não podia continuar com aquela rotina de mágoa e tortura. Chegava a preferir estar cansada fisicamente do que emocionalmente. A minha mente perdia-se por entre memórias inventadas e sentimentos ilusórios criados por mentiras ditas. O amor desamado, as histórias elaboradas, a manipulação ativa e os jogos psicológicos perfeitos: como tudo batia tão certo mas não batia com o coração. 
Então disse adeus. Demorou, demorou bastante. Adeus. Até um dia. Não quero saber mais de ti, ainda que seja para dizeres que pedes desculpa. Aconteceu, já não há desculpas a ser dadas. Guarda-as para ti, para o futuro que te espera. Não te quero mal, de todo. Ensinaste-me imenso com o teu manuseamento da verdade (ou devo dizer da irrealidade?). 
Irás acabar por descobrir que mereces mais e a culpa não é tua se a pessoa não vê que és arte. Podias até ser uma noite de estrelas cintilantes com todas as constelações possíveis mas se ela não te quiser ver, ela irá ignorar. Espero que um dia entendas que o teu amor não precisa de ser maior quando uma pessoa quer ser cega. 

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