✒ ciclo das conexões humanas.


É impossível ficar a mesma pessoa para sempre. O ser humano é feio de mudanças, boas ou más. É preciso evoluir e adaptar-se às circunstâncias que lhe é apresentado, mesmo que não goste. O tempo e a vida mudam as perspetivas de tudo. As prioridades mudam. Os sentimentos mudam. As pessoas tornam-se substituíveis e esquecidas. Tornam-se meros conhecidos que passeiam neste mundo. As ligações entre os seres humanos funcionam de uma maneira muito simples: são os segredos e a vulnerabilidade que dão mais proximidade mas há o medo de, ao serem transparentes, se magoarem. Às poucas pessoas que se abrem, essas tornam-se instantaneamente mais ligadas, criando laços mais fortes. E tentar evitar o possível elo só piora porque o ser humano não consegue viver sozinha, necessita de contactos interpessoais para desenvolver.
As relações começam a deteriorarem-se com pequenos acontecimentos, pequenas ações que uma das pessoas nota. A confiança e a vontade de falar perde-se porque tudo o que te fazem é desapontar uma e outra vez. É um sentimento tão perturbador quando a imagem que tens de alguém começa a distorcer - ou, na verdade, a mostrar quem são - e a realização de que não irás conseguir ver a pessoa da mesma maneira magoa-te porque perdeste a fé de confiar nela.
A sensação de desconfiança consome o teu ser porque não foste capaz de perceber que aquela pessoa não é quem dizia ser. A pior parte é que não encontras forma de parar isso e sempre que a vês lembraste de como os vias e como os vês agora e entristece-te profundamente.
Começas a pensar que é tudo na tua cabeça, que está tudo bem, na verdade. Outras vezes pensas que és demasiado sensível, daí tudo te afetar profundamente. No final, percebes que as pessoas mudaram, mostraram-se, finalmente, e não podes fazer nada para voltar à ingenuidade que tinha sobre elas.  Deixas de ter qualquer significado para essa pessoa. 
Ou pode acontecer um afastamento mútuo em que não se passou nada e, cada vez que se falam, é como se o vínculo se ligasse novamente e os anos não passaram para destruir a afinidade. Conta-se as novidades, redescobre-se o quão bom é falar com a pessoa, reinventa-se o apego, sorri-se por ainda não ter acabado. 
É o ciclo das conexões humanas. É o normal de acontecer, só temos de saber lidar com isso.

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